Pouco Sono

Essa segunda-feira foi um ótimo dia para trabalhar. As outras opções estavam fracas...

É óbvio que o PT perdeu a presidência da Câmara porque ficou rachado, com a candidatura do Virgílio Guimarães. Mas, segundo li hoje, o Virgílio seria o preferido da bancada, e em uma eleição interna teve mais votos. Mas haviam uns quatro ou cinco pré-candidatos, e o nome do Greenhalg foi escolhido por um acordo da cúpula do partido.

O Greenhalg podia ser um político muito bom, mas a direita o via como "muito radical", por já ter defendido o MST e geralmente estar à esquerda do Campo Majoritário. De qualquer modo, é surpreendente que todos os que votaram em Virgílio no primeiro turno migraram para o voto em Severino. Parece ter se formado na madrugada não apenas uma frente anti-PT, mas também uma frente anti-Greenhalg.

Hoje pela manhã uma colega me deu a notícia inacreditável: o novo presidente da Câmara dos Deputados era o fisiológico Severino Cavalcanti, do PP, que recebeu 300 votos. Greenhalgh perdeu de lavada, com 195. Ele conseguiu a proeza de ver sua votação diminuir do primeiro para o segundo turno.

Não foi a oposição que ganhou, mas o governo que perdeu. Agora que o governo não controla mais a pauta da Câmara e precisa negociar todos os projetos de lei, vamos ter dois anos de rame-rame. E ainda há a possibilidade da formação de um bloco oposicionista, composto pelo PSDB e PFL. Aí vai ser covardia.

E o que o Lula pode fazer agora? Dar ministérios aos "aliados" do PMDB, PP e PTB do governo, para garantir as votações no Congresso? Mas ele vai fazer isso depois de receber uma facada nas costas desses aliados? Ou descontar em quem não foi fiel, e tirar os ministérios e cargos em estatais? Mas, dessa maneira, o governo não pode ficar mais isolado?

Desse jeito, o governo Lula pode acabar muito mais rápido do que se esperava.

Na época em que trabalhei como repórter no Jornal do Brasil, assisti uma palestra interessante do professor de direito de Stanford Lawrence Lessig. Desde essa época, comecei a prestar atenção na lista de autores que têm as obras em domínio público. Outro dia vou falar mais extensamente sobre ele.

Mas o mais interessante é que, agora que praticamente todos os países do mundo têm acesso à internet, muitas leis deixam de ter muito sentido. Nos Brasil, como nos Estados Unidos e na maioria dos países, demora anos para as obras irem para domínio público. Como resultado, muitas vezes é difícil achar alguns livros, de autores menos conhecidos e que já estão esgotados.

Mas, na Austrália, as leis são mais amenas. Depois de 50 anos da morte de um autor, todas as suas obras vão para o domínio público. Com isso, é possível criar sites como o do Project Gutemberg Australia, com vários livros em formato HTML, podendo ser baixados por qualquer um. Ali, é possível encontrar livros de Scott Fitzferald, George Orwell, DH Lawrence e Virgina Woolf. Muito bom!

Existem lugares óbvios para conhecer o tema: www.gnu.org e www.opensource.org.

Mas recomendo três livros, todos livres e gratuitos, para entender melhor o software livre: o primeiro foi publicado em 1999, e se chama Open Sources, com artigos do Stallman, do Linus e do Eric Raymond. Acho particularmente interessantes os artigos de Brian Behlendorf, do proejto Apache, e de Robert Young, da Red Hat, que falam sobre os aspectos econômicos que viabilizam o desenvolvimento de softwares livres. Na seção de livros do site do Eric Raymond há dois livros interessantes: o primeiro é o famoso Cathedral and the Bazaar, e o último, um pouco mais técnico, é o The Art of Unix Programming, cujos primeiros capítulos falam da filosofia do Unix e de sua relação com o free software.

Também é interessante o documentário Revolution OS, um filme sobre Linux filmado no auge da especulação das empresas pontocom. Nos Estados Unidos não é difícil comprar um DVD desse filme. Se tiver dificuldade, também não é difícil achá-lo em redes peer-to-peer, como a do programa Shareaza.

Uma das matérias que mais gostei de escrever no Jornal do Brasil falou sobre os 20 anos do Projeto GNU. O primeiro parágrafo não está muito bom e no meio há um problema de concordância, mas no geral acho que ela está boa. O link para ela está aqui.