Thursday, October 07, 2004
Votei nulo
É preciso bater no ferro enquanto ele está quente. Vou escrever sobre a eleição para prefeito, mesmo porque em uma semana não vou estar ligando mais para isso.
Pela primeira vez na vida, anulei meu voto em uma eleição majoritária. Cravei um voto no Eliomar Coelho para vereador, mas não consegui votar no Bittar. Sou petista, sempre voto no PT, e quando o PT se mostra profundamente incompetente, não mudo fácil meu voto.
O engraçado é que muita gente tem uma certa vergonha ou medo de votar nulo. Como se votar fosse realmente uma obrigação, e não um direito. Será que o Getúlio Vargas, ao tornar obrigatório o voto, achou que sua invenção teria vida tão longa? Acho que está na hora da sociedade brasileira deixar de lado essa herança varguista.
E não me venham com argumentos parecidos com “Se o voto não fosse obrigatório, os pobres não votariam e não seriam representados”. Quer dizer que, por ser pobre, a pessoa é incapaz e precisa ser obrigada a votar?
Não sei onde o PT errou mais. É claro que tudo começou em 1998, quando o diretório nacional do PT sacrificou o PT do Rio no altar que celebrou a aliança Lula-Brizola para a disputa da presidência. A participação da Benedita na campanha de Garotinho, e sua desastrada gestão quando assumiu o estado, desestimularam a militância e desiludiram o eleitorado. Lideranças importantes, sendo a mais notável o ex-deputado Milton Temer, pediram o boné e desistiram do PT.
Mas a estranha aliança PT-PTB também ajudou a enterrar a candidatura Bittar. Ela veio por cima, e foi empurrada para o PT fluminense. Me lembro de uma reportagem do Globo narrando essa maluquice. O PT e o PTB no Rio sempre estiveram em campos opostos, e os líderes de ambos os lados mal se conheciam na entrevista coletiva que apresentou a aliança. Depois da derrota, Bittar destilou veneno para Chico Alencar, mas não reclamou do PTB.
Acho que o campo majoritário do PT do Rio de Janeiro deve parar de pensar em termos esquerda/direita e começar a pensar nos termos Rio/São Paulo. Não sou bairrista e tenho grandes amigos que moram ou são de São Paulo, mas, sinceramente, parece que o diretório nacional está querendo sabotar o PT no Rio de Janeiro ou usá-lo como moeda de troca. Ainda assim, dado o cansaço da população com o populismo, considero que o PT carioca consegue se reerguer se for simplesmente deixado em paz.
Dito tudo isso, eis a pergunta: mas a candidatura de Jandira Fegali não representava uma alternativa à de Bittar? Não, exceto que se considere um voto “de protesto”. Uma candidatura puro-sangue PCdoB-PCB não tem consistência política para governar o Rio de Janeiro, mesmo com o apoio relativamente discreto de muitos setores do PT. O ideal seria colocar o PCdoB na cabeça de chapa, com a Marta Rocha ou outro petista como vice. Mas, se as lideranças políticas não conseguiram se acertar, não podem esperar que sejam seguidas pelos cariocas.
Pela primeira vez na vida, anulei meu voto em uma eleição majoritária. Cravei um voto no Eliomar Coelho para vereador, mas não consegui votar no Bittar. Sou petista, sempre voto no PT, e quando o PT se mostra profundamente incompetente, não mudo fácil meu voto.
O engraçado é que muita gente tem uma certa vergonha ou medo de votar nulo. Como se votar fosse realmente uma obrigação, e não um direito. Será que o Getúlio Vargas, ao tornar obrigatório o voto, achou que sua invenção teria vida tão longa? Acho que está na hora da sociedade brasileira deixar de lado essa herança varguista.
E não me venham com argumentos parecidos com “Se o voto não fosse obrigatório, os pobres não votariam e não seriam representados”. Quer dizer que, por ser pobre, a pessoa é incapaz e precisa ser obrigada a votar?
Não sei onde o PT errou mais. É claro que tudo começou em 1998, quando o diretório nacional do PT sacrificou o PT do Rio no altar que celebrou a aliança Lula-Brizola para a disputa da presidência. A participação da Benedita na campanha de Garotinho, e sua desastrada gestão quando assumiu o estado, desestimularam a militância e desiludiram o eleitorado. Lideranças importantes, sendo a mais notável o ex-deputado Milton Temer, pediram o boné e desistiram do PT.
Mas a estranha aliança PT-PTB também ajudou a enterrar a candidatura Bittar. Ela veio por cima, e foi empurrada para o PT fluminense. Me lembro de uma reportagem do Globo narrando essa maluquice. O PT e o PTB no Rio sempre estiveram em campos opostos, e os líderes de ambos os lados mal se conheciam na entrevista coletiva que apresentou a aliança. Depois da derrota, Bittar destilou veneno para Chico Alencar, mas não reclamou do PTB.
Acho que o campo majoritário do PT do Rio de Janeiro deve parar de pensar em termos esquerda/direita e começar a pensar nos termos Rio/São Paulo. Não sou bairrista e tenho grandes amigos que moram ou são de São Paulo, mas, sinceramente, parece que o diretório nacional está querendo sabotar o PT no Rio de Janeiro ou usá-lo como moeda de troca. Ainda assim, dado o cansaço da população com o populismo, considero que o PT carioca consegue se reerguer se for simplesmente deixado em paz.
Dito tudo isso, eis a pergunta: mas a candidatura de Jandira Fegali não representava uma alternativa à de Bittar? Não, exceto que se considere um voto “de protesto”. Uma candidatura puro-sangue PCdoB-PCB não tem consistência política para governar o Rio de Janeiro, mesmo com o apoio relativamente discreto de muitos setores do PT. O ideal seria colocar o PCdoB na cabeça de chapa, com a Marta Rocha ou outro petista como vice. Mas, se as lideranças políticas não conseguiram se acertar, não podem esperar que sejam seguidas pelos cariocas.
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