Thursday, April 28, 2005

 

Lição de humildade

O surf realmente é um esporte perfeito para aulas de filosofia barata. Comigo não poderia ser diferente.

No sábado o mar estava um pouco agitado, com ondas relativamente grandes, de 1,5m a 2m. Ou seja, paredes de água do tamanho de uma pessoa. Quando você está na areia podem até parecer pequenas, mas quando se está nadando e se observa elas de baixo para cima, ao nível do mar, subitamente elas adquirem um aspecto um pouco assustador.

Fui na praia no Recreio dos Bandeirantes, em frente à rua Gláucio Gil. Depois, andando até o Canto do Recreio e Macumba, percebi que era o lugar onde as ondas estavam maiores, mas quando entrei no mar não sabia disso. Depois de surfar duas ondas estava ficando cansado para varar a arrebentação: uma onda vinha atrás da outra, e era preciso fazer muito joelhinho para passar por baixo delas. Cheguei a desistir e voltar para perto da areia, para esperar a série passar.

No momento em que as ondas pararam, voltei a remar para o outside. Quando estava quase passando da arrebentação, vi uma onda subir. O melhor seria ficar parado e fazer o joelhinho por baixo da espuma branca, mas achei que daria para passar por baixo antes da onda estourar e remei em direção a ela. A onda estourou na minha cabeça, me embolando todo e me jogando para o fundo do mar - a profundidade devia ser de uns três ou quatro metros. A prancha foi jogada para longe, e quando consegui voltar à superfície mais uma da série estava estourando. Não dava tempo para recolher a prancha, e só mergulhei, contando com o leash.

Novamente, fui jogado lá embaixo. Quando voltei, o pior tinha acontecido: a cordinha tinha arrebentado, e eu estava sem fôlego e sem a prancha, no meio do quebra-coco de um dia de mar agitado. Na hora bateu um certo desespero, e acenei com os braços para que quem estivesse na areia percebesse que eu estava na pior.

Mas, depois de uns 15 segundos, limpei minha mente. Parei de pensar em qualquer coisa a não ser nadar até a areia. As ondas estavam grandes demais para pegar um jacaré até a beira, e me embolei mais uma vez. Mas consegui chegar, recuperar a prancha e aproveitar o sol daquele sábado. Depois fui para a praia da Macumba, onde o mar estava lisinho, com ondas gordas e fáceis de surfar.

Aprendi algumas coisas:
  1. Nunca é demais ter respeito pelo mar.
  2. Para sair de várias situações, não dá para contar com a ajuda de outras pessoas. E pior, muitas vezes de seu próprio equipamento: prancha, carro, computador, etc.
  3. Se a pior combinação de acontecimentos ocorreu, é melhor respirar fundo, se concentrar no "aqui e agora" e agir que ficar com a cabeça a mil e continuar parado no mesmo lugar.

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