Monday, April 11, 2005

 

Os sem-noção

Sábado fiz minha boa ação da semana.

Estava surfando na Barra, perto do pier. O mar não estava grande, com ondas de meio metro, mas havia uma corrente. Perto do pico havia um banco de areia, e muitos banhistas estavam lá, prejudicando o surf.

Uma hora, o inevitável aconteceu. Uma série maior entrou, e quando as ondas voltam elas criam uma corrente com direção ao mar. O local fica com mais água, e em questão de segundos um lugar onde "dá pé" logo parece ficar fundo. Três zé ruelas começaram a gritar pedindo socorro. Por que pessoas que nem sabem nadar insistem em entrar no mar?

Um salva-vidas entrou, e pediu para que eu ajudasse. Remei para perto do cara que estava na pior situação, enquanto o salva-vidas ajudava o que estava mais perto da areia. Estiquei a prancha e dei para o sujeito se segurar nela. O cara estava zonzo, e logo que pegou a prancha começou a arrotar muito, sinal que ele devia ter bebido um litro de água do mar.

Tinha outro cara que estava entre os dois, quase no banco de areia, e, quando me viu, ao invés de nadar em direção à praia voltou para se agarrar à prancha. Que otário! Quando ele agarrou a prancha senti um bafo de álcool, e comecei a pagar uma geral para ele. Fala sério, beber e entrar no mar é pedir para arrumar confusão. O primeiro cara jurou que não tinha bebido, mas não levei muita fé.

O pior foi a atitude do primeiro a ser resgatado, também o mais gritador. Logo que o salva-vidas o colocou no banco de areia, o zé ruela começou a discutir com o salva-vidas! O salva-vidas disse algo do tipo "toma mais cuidado" e ele começou a falar: "Porra! Estou te pedindo na moral para você me ajudar!".

Em pouco tempo o salva-vidas resgatou o engolidor de água, e eu despachei o bebum para a areia. Quando as ondas pararam eu falei: "Vai, nada para a areia! Você entrou sozinho, agora sai sozinho!". Com esse estímulo, ele começou a bater os braços e voltou para a areia.

No domingo vi quatro pessoas quase se afogando juntas, no Recreio, e também resgatadas por um salva-vidas. Admiro o trabalho deles: muita gente fala que é a maior vida mansa, pois os salva-vidas ficam na praia o dia inteiro e passam quase todo o tempo só olhando o mar. Mas arriscar seu pescoço para salvar um zé ruela é uma atividade nobre. Se eu estiver sozinho penso duas vezes antes de ajudar alguém se afogando, porque é perigoso: a pessoa pode se desesperar, te agarrar e te levar para o fundo do mar junto com ela.

É impressionante como as pessoas fazem merda, como beber antes de entrar no mar e ficar desesperadas quando uma onda as puxa um pouquinho para o fundo. Não adianta fazer força: se você estiver em uma vala forte, não adianta nadar contra a corrente, em direção à praia. Nade um pouco para o lado, em direção ao local onde estão quebrando as ondas, e volte a nadar para a areia. E, se achar que o mar está puxando, fique na beira e pare de dar trabalho aos salva-vidas!

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